Uma Passive House (também conhecida por Passivhaus ou Casa Passiva) é um tipo de construção que se concentra em maximizar a eficiência energética e o conforto dos ocupantes - é expoente máximo da eficiência energética a nível mundial. São construções projetadas para gastar muito pouca energia para aquecimento, arrefecimento e iluminação, graças a uma combinação de técnicas de construção altamente eficientes e tecnologias avançadas.
O conceito da "casa passiva" teve a sua origem na década de 70, mas foi apenas com a criação da Passivhaus (a norma de origem alemã de otimização energética para a construção de moradias) que essa prática de arquitetura sustentável floresceu.
O atual consumo energético do parque edificado em Portugal pode ser reduzido em mais de 50%. É necessário criar um conjunto condições, desde o desenvolvimento dos projetos de arquitetura, que reduzam o consumo energético, mas também, minimizem as perdas de energia/calor indesejados. É uma das soluções para o cumprimento das exigências da Diretiva Europeia 2010/31/EU que estabelece a ambiciosa meta dos edifícios de necessidades quase nulas de energia (Near Zero Energy Buildings) para 2020.
A casa passiva adota conceitos construtivos que seguem um conjunto de princípios que permitem poupanças energéticas de cerca de 75-80% superiores à construção convencional.
ALGUMAS DAS CARACTERÍSTICAS COMUNS DE UMA CASA PASSIVA INCLUEM:
- Isolamento térmico de alta qualidade, como vidros duplos e revestimentos exteriores de alta densidade.
- Ventilação natural para melhorar a qualidade do ar e a saúde dos ocupantes da edificação.
- Orientação estratégica para aproveitar ao máximo a luz natural e minimizar a necessidade de iluminação artificial.
- Uso de tecnologias, como painéis solares, para gerar energia limpa e renovável.
O objetivo final de uma casa passiva é fornecer conforto aos ocupantes sem precisar de sistemas de aquecimento e arrefecimento intensivos em energia. Além disso, a casa passiva é frequentemente projetada para ser uma casa sustentável e amigáveis ao meio ambiente, ajudando a reduzir o impacto ambiental e a proteger o planeta para as gerações futuras.
Cada vez mais, a eficiência energética tem se tornado um fator crucial na hora de comprar ou reabilitar uma casa. Essa crescente preocupação deve-se principalmente à necessidade de reduzir custos com gastos energéticos, além da demanda crescente por maior conforto e consciência ecológica dos consumidores. A introdução do certificado energético como documento obrigatório em processos de construção, grandes renovações, vendas ou arrendamentos tem fornecido aos portugueses informações importantes sobre a classe energética das casas negociadas e também sobre como melhorar esse índice.
PREOCUPAÇÕES E CONSIDERAÇÕES PARA PROJETOS DE CASA PASSIVA
- ARQUITETURA/DESIGN: A construção da casa passiva requer uma abordagem de design específica, que inclui considerar a orientação, localização das janelas, isolamento e ventilação. Para atingir os objetivos de consumo de energia praticamente nulos, o projeto de arquitetura de uma casa passiva deve ser orientada para o sul, se possível, para acumular o máximo de energia solar, contudo, garantindo os meios de sombreamento necessários. Virar os espaços sociais para Sul e os espaços como casas de banho, arrumos, circulação e garagem, para o lado Norte.
Nem esta configuração é possível, porque cada terreno e programa de habitação sustentável tem as suas condicionantes e especificidades, pelo que os projetos têm de explorar as diversas possibilidades.
Como o isolamento faz parte dos elementos essenciais para garantir a eficiência de uma casa passiva, as paredes são grossas, dado que são muito bem isoladas.
- ORÇAMENTO: A construção da casa passiva pode exigir um orçamento mais elevado devido aos materiais de alta qualidade e mão de obra especializada necessários. A construção de uma casa passiva custa entre 3 - 8% mais do que a de uma casa tradicional, se considerarmos apenas o investimento inicial.
Muitas especificidades e materiais aumentam o custo de construção de um edifício passivo, contudo, sai mais barato, se tivermos em conta o custo da sua utilização ao longo do tempo.
Graças à economia de energia da construção passiva, o custo operacional será inferior ao da construção convencional por décadas. A casa passiva está à frente dos regulamentos térmicos atuais. Revender a sua casa será, portanto, mais fácil, pois o seu valor patrimonial é maior do que o de uma casa equivalente regulamentada.
É bastante difícil alcançar o padrão da casa passiva quando se trata de renovação de um imóvel existente, especialmente devido às dificuldades encontradas na redução de todas as pontes térmicas e isolamento do exterior, saiba mais em renovações nzeb.
PRINCÍPIOS DA CASA PASSIVA: CONSIDERAÇÕES PARA A HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
- ISOLAMENTO TÉRMICO PELO EXTERIOR: O isolamento é um elemento crucial da construção Passive House, pois ajuda a manter uma temperatura interna consistente, reduzindo a perda ou ganho de calor pelas paredes, cobertura e piso. As melhores especificações de isolamento para uma única casa dependeriam da zona climática e da orientação do edifício, mas, em geral, é recomendado um isolamento com um valor R de pelo menos R-40 para paredes e R-60 para o telhado e piso. Materiais de isolamento de alto desempenho, como espuma spray, lã mineral ou isolamento de celulose, são comumente usados na construção Passive House.
O primeiro dos princípios básicos para o bom funcionamento e desempenho de uma casa passiva tem a ver com o isolamento térmico. Isto requer a utilização de um isolamento adequado de baixa transmitância que isole a casa pelo exterior. Isto impede a fuga de calor no inverno e a entrada de calor durante os meses de verão. As soluções comummente usadas em remodelações com o isolamento térmico nas paredes exteriores pelo interior, não irá cumprir as normas passivas.
- ELIMINAÇÃO DE PONTES TÉRMICAS: As pontes térmicas são pontos fracos na estrutura de uma casa, através dos quais ocorrem as perdas de calor. Através da utilização de diferentes meios, como termógrafos, podem ser detetados e eliminados. Desta forma, são evitadas situações que possam estar relacionadas com a condensação, tais como a humidade e fungos, etc, são situações que têm de ser acauteladas logo pelo gabinete de arquitetura que desenvolve o projeto da habitação sustentável.
Para garantir que as pontes térmicas sejam eliminadas, é importante usar materiais com baixa condutividade térmica, como fibra de vidro ou isolamento de espuma. As melhores especificações para rupturas térmicas numa habitação incluiriam um reforço de isolamento nas pontes térmicas lineares ao redor do envelope do edifício e por cima de portas e janelas (caixas de estore, vigas, etc).
- ESTANQUEIDADE AO AR: A estanqueidade ao ar é um elemento crucial na construção PassiveHaus, pois ajuda a prevenir vazamentos de ar descontrolados, que podem levar à perda de energia, acúmulo de humidade e má qualidade do ar interior. As melhores especificações de estanqueidade em numa habitação incluiem o uso de fitas e juntas de vedação de alta qualidade ao redor de janelas e portas e outras obturações da construção.
Todas as divisões da casa devem ser herméticas, tornando possível tratar as perdas de calor. Isto reduz as perdas de energia, ao mesmo tempo que aumenta o nível de conforto térmico dentro da casa.
- SISTEMAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA COM RECUPERAÇÃO DE CALOR: são um elemento-chave na construção de Passive House, pois ajudam a manter a boa qualidade do ar interno e evitam o acúmulo de excesso de humidade, mofo e outros poluentes.As melhores especificações para sistemas de ventilação em uma única casa incluiriam o uso de um sistema de ventilação de recuperação de calor balanceado (HRV) ou sistema de ventilação de recuperação de energia (ERV) que seja dimensionado adequadamente para a área e a ocupação da casa.Um sistema de ventilação com uma eficiência de recuperação de calor de pelo menos 75% é recomendado para minimizar a perda de energia enquanto ainda fornece ar fresco.
A ventilação mecânica com recuperação de calor permite a ventilação recuperar entre 80% e 90% da energia gerada na própria casa passiva. Através destes métodos, consegue-se uma elevada qualidade do ar interior, poupança de energia e conforto térmico sem teres de abrir as janelas para ventilar os espaços. O ar que entra na casa é condicionado com o ar que sai de casa.
- ÁREA ENVIDRAÇADA / VÃOS COM ALTO DESEMPENHO: Vãos de alto desempenho é importante na construção de Passive House, pois janelas e portas podem ser uma fonte significativa de perda ou ganho de energia. As melhores especificações para vão numa casa incluiriam o uso de janelas de painel triplo com revestimentos de baixa emissividade e espaços preenchidos com gás para reduzir a transferência de calor.O fator U recomendado (uma medida do valor de isolamento da janela) para janelas em uma casa passiva é de 0,15 ou menos, o que é muito menor do que as janelas típicas usadas na construção convencional. As portas e janelas devem ser otimizadas termicamente. Para isso, a utilização de vidro triplo e carpintaria de qualidade serão fundamentais para conseguir poupar na perda de calor. No entanto, a instalação correta é indispensável.
PRÓS DA CONSTRUÇÃO DA CASA PASSIVA
- REDUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA: As casas passivas utilizam 60-90% menos energia do que os edifícios convencionais, levando a contas de energia mais baixas e uma pegada de carbono menor.
- AUMENTO DO CONFORTO: O isolamento adequado e os sistemas de ventilação em casas passivas ajudam a manter uma temperatura interior consistente e confortável durante todo o ano. Controlo de temperatura, renovação do ar e da humidade relativa.
- MELHORIA DA QUALIDADE DO AR: as construções são equipadas com sistemas de ventilação energeticamente eficientes que fornecem ar fresco, filtrando poluentes, e outras partículas prejudiciais. Com melhoria da qualidade construtiva e saúde dos seus habitantes.
- AUMENTO DO VALOR DO IMÓVEL: As casas passivas estão em alta demanda, especialmente em áreas onde a construção eficiente energéticamente é uma prioridade, levando a valores mais altos de imóveis no mercado imobiliário.
- BENEFÍCIOS FISCAIS: Em Portugal, a construção da casa passiva é elegível para incentivos fiscais, incluindo redução do imposto sobre a propriedade e deduções do IMI, saiba mais aqui.
CONTRAS DA CONSTRUÇÃO DA CASA PASSIVA
- CUSTOS INICIAIS MAIS ELEVADOS: A construção da casa ecológica requer materiais de alta qualidade e mão de obra especializada, levando a custos iniciais mais elevados do que a construção convencional.
- FLEXIBILIDADE DE ARQUITETURA E DESIGN LIMITADA: Os princípios da construção da Passiv House requerem certas especificações para garantir a eficiência energética, limitando a flexibilidade de design.
- REQUISITOS DE MANUTENÇÃO: A ventilação e o isolamento adequados requerem manutenção regular, para manter a eficiência energética e a qualidade do ar interior.
- ESPECIALIZAÇÃO NECESSÁRIA: A construção da casa passiva requer conhecimento e especialização, o que torna difícil para alguns construtores implementar estes requisitos em obra, pelo rigor que esta construção requer.
PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO
Devido à complexidade do conceito de construção sustentável, têm sido emitidas, nas últimas duas décadas, normas ISO que procuram um padrão internacional para estipular uma escala que meça o nível de sustentabilidade de determinada construção.
Em Portugal, a certificação da Casa Passiva requer o cumprimento de normas específicas de eficiência energética e desempenho estabelecidas pelo PassivHouse Institut.
"A certificação de edifícios pressupõe 3 classes: Classic, Plus ou Premium. Para obter a certificação, um edifício deve cumprir requisitos específicos, nomeadamente:
As necessidades de energia para aquecimento (Nh) devem ser inferiores a 15 kWh/m2.a ou a carga de aquecimento inferior a 10 W/m2;
As necessidades de energia para arrefecimento (Nc) devem ser inferiores a 15 kWh/m2.a acrescida das necessidades de desumidificação, ou a carga de arrefecimento inferior aos 10 W/m2;
- As necessidades de Energia Primária (Np) para equipamentos e produção de água quente sanitária não devem exceder os 120 kWh/m2.a no âmbito da classificação Classic;
- A temperatura interior do edifício (T), para que se garanta o conforto, deverá estar compreendida entre os 20 ºC e os 25 ºC (em países quentes a temperatura máxima pode ser de 26 ºC). A temperatura máxima não deve exceder mais de 10% das horas num ano.
- A estanquidade ao ar é limitada pela taxa de renovação de ar por hora de 0,6, verificado com recurso ao Ensaio de Porta Ventiladora para uma pressão (positiva e negativa) de 50 Pa;
- Para obter a certificação de Passive House Classic mantém-se a necessidade de energia para aquecimento e/ou arrefecimento limitada aos 15 kWh/m2.a e a necessidade de Energia Primária Renovável para equipamentos e produção de água quente sanitária não deve exceder os 60 kWh/m2.a.
- Para um edifício obter a certificação da classe Passive House Plus, além de garantir os requisitos básicos, não deve exceder o valor de 45 kWh/m2.a para o consumo de Energia Primária Renovável. Além desta limitação, que torna o edifício mais eficiente, este deve produzir pelo menos 60 kWh/m2.a de energia, em relação à área construída total do edifício.
- Para a certificação mais exigente, a classe Passive House Premium, o edifício deve garantir o consumo de Energia Primária Renovável abaixo dos 30 kWh/m2.a e deve produzir pelo menos 120 kWh/m2.a."
De acordo com a Associação Passivhaus Portugal, existem alguns casos de edifícios que reclamam o cumprimento das normas, mas que, na verdade, não estão certificados.
Não serão edifícios ineficientes (e até podem ser edifícios nZEB), mas para ser considerado Passivhaus tem de ser calculado com o Passive House Planning Package (PHPP) e cumprir todos os requisitos da norma. Pelo que recomendam que antes de comprar o imóvel importa solicitar ao vendedor o certificado Passive House e averiguar a entidade certificadora e obter prova de que o edifício se encontra na base de dados do Passivhaus Institut e a existência da placa identificadora na própria casa.