O estudo de avaliação de vulnerabilidade sísmica é uma componente essencial na área de engenharia estrutural, especialmente em áreas propensas a sismos. O relatório visa avaliar a capacidade de uma estrutura resistir às forças geradas por ação sísmica e apontar medidas de melhoria da sua resistência ao sismo.
O relatório de estudo de avaliação de vulnerabilidade sísmica é um documento técnico que avalia o risco de danos que uma edificação durante um sismo. É elaborado por engenheiros ou especialistas e inclui uma avaliação detalhada da resistência sísmica da estrutura, dos materiais de construção e da fundação. O relatório também identifica as áreas vulneráveis da edificação e recomenda medidas para melhorar a sua resistência a sismos, assim como o impacto de determinadas alterações que se possam pretender executar.
ÍNDICE
ToggleQUANDO É OBRIGATÓRIO ELABORAR UM ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE SÍSMICA?
É obrigatória a sua elaboração para obras de ampliação, alteração ou reconstrução, para identificar a capacidade de resistência relativamente à ação sísmica, para determinado imóvel, sempre que uma das seguintes condições se verifique:
- sinais evidentes de degradação da estrutura do edifício;
- intervenções alterem o comportamento estrutural do edifício;
- área intervencionada, incluindo demolições e ampliações, seja superior a 25% da área bruta de construção do edifício;
- o custo de construção (intervenção, incluindo obras interiores) exceda 25% do custo de construção nova de edifício equivalente.
É também obrigatória a elaboração do relatório da vulnerabilidade sísmica do edifício em edifícios de classe de importância III - edifícios cuja resistência sísmica é importante tendo em vista as consequências associadas ao seu colapso (escolas) - ou classe de importância IV - edifícios cuja integridade em caso de sismo é de importância vital para a proteção civil (hospitais, quartéis de bombeiros, centrais elétricas), sempre que se verifique algum dos pontos mencionados anteriormente, com redução para 15% os limites estabelecidos.
QUANDO É SUBMETIDO PARA APRECIAÇÃO O ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE SÍSMICA?
A entrega do relatório do estudo de avaliação de vulnerabilidade sísmica é obrigatória na fase de apreciação do projeto de arquitetura, independentemente de estarmos a enquadrar um pedido de informação prévia, licenciamento ou comunicação prévia.
Contrariamente às outras especialidades, não é entregue aquando do deferimento da arquitetura, mas sim é submetido logo com o projeto de arquitetura para permitir uma viabilidade estrutural para operação urbanística pretendida. A análise da vulnerabilidade sísmica permite, logo numa fase inicial de projeto, estimar o comportamento do edifício se submetido a ação sísmica. Assim, os projetistas conseguem traçar uma estratégia para a reabilitação do edifício, informar a intervenção arquitetónica e dar ao Dono de obra um conhecimento prévio da necessidade ou não de uma intervenção mais profunda.
Mas importa ainda salientar que a elaboração do relatório de vulnerabilidade sísmica não é apenas obrigatória quando se submete um procedimento à Câmara Municipal correspondente. Ou seja, o relatório do estudo de avaliação de vulnerabilidade sísmica é também necessário para obras isentas de controlo prévio, sempre que a obra de alteração a executar implique custos superiores a 25% do custo de construção nova de edifício equivalente, ou até, se o imóvel tem danos evidentes de degradação da estrutura do edifício, sendo que as restantes condições já serão abrangidas por obras enquadradas com controlo prévio.
ESTRUTURA PARA O ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE SÍSMICA
A equipa do ReSist (CML) criou um documento que define a estrutura do Relatório e as situações em que o mesmo se aplica. Deixamos em baixo os aspetos centrais a incluir previstos no Relatório de Resiliência Sísmica do ReSist.
" PARTE | - CARACTERIZAÇÃO, INSPEÇÃO E DIAGNÓSTICO DA CONSTRUÇÃO EXISTENTE
1.1. Levantamento e análise da informação existente
1.2. Caracterização geométrica da estrutura
1.3. Caracterização mecânica dos materiais e dos elementos estruturais
1.4. Caracterização das anomalias estruturais
1.5. Tipo de terreno
" PARTE II - AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA ESTRUTURAL DO EDIFÍCIO
II.1. Avaliação da vulnerabilidade sísmica - NP EN 1998-3:2017
II.1.1. Definições de base para a avaliação
II.1.2. Avaliação da segurança estrutural
11.2. Avaliação da vulnerabilidade sísmica - Métodos de Análise Expedita
11.2.1. Aplicabilidade dos métodos expeditos
11.2.2. Avaliação da segurança estrutural
PARTE III - CONCLUSÕES
FLUXO PROCEDIMENTAL”
Um relatório do estudo de avaliação de vulnerabilidade sísmica pode incluir os seguintes aspetos:
CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL: Informações sobre a localização do edifício, incluindo as características geográficas, o tipo de solos, a presença de riscos geológicos, entre outros aspetos.
DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO E DOS ELEMENTOS A ESTUDAR: Detalhes sobre a arquitetura, o sistema construtivo e a estrutura do edifício, incluindo informações sobre as características estruturais, os tipos de materiais utilizados, entre outros aspetos.
ANÁLISE DE VULNERABILIDADE: Uma avaliação detalhada da vulnerabilidade sísmica do edifício, incluindo o estudo das cargas sísmicas aplicadas à estrutura, as características dinâmicas da edificação e a avaliação da resistência sísmica da estrutura.
RECOMENDAÇÕES DE MELHORIA: Sugestões de melhorias para aumentar a segurança sísmica do edifício, incluindo recomendações para a renovação estrutural, a instalação de sistemas de amortecimento sísmico, entre outras.
CONCLUSÃO: Um resumo das principais conclusões do relatório e uma avaliação da importância da aplicação das recomendações de melhoria.
ANEXOS: Documentos adicionais que possam ser necessários para compreender o relatório, incluindo desenhos, cálculos, tabelas, entre outros.
É comum que um relatório de vulnerabilidade sísmica inclua sondagens in loco como parte do processo de avaliação. As sondagens permitem verificar o tipo e a qualidade dos materiais de construção, bem como a presença de eventuais anomalias ou problemas estruturais. Esta informação é importante para a análise da vulnerabilidade sísmica da edificação e para a elaboração de recomendações de melhoria.
A Portaria n.º 302/2019 define os termos em que obras de ampliação, alteração ou reconstrução estão sujeitas à elaboração de relatório de avaliação da vulnerabilidade sísmica, bem como as situações em que é exigível a elaboração de projeto de reforço sísmico / estrutural.
QUANDO É OBRIGATÓRIO ELABORAR UM PROJETO DE REFORÇO SÍSMICO / ESTRUTURAL DE UM IMÓVEL?
Está estipulado que a elaboração do projeto de reforço sísmico / estrutural é necessário sempre que o relatório do estudo de avaliação de vulnerabilidade sísmica concluir que o edifício não satisfaz as exigências de segurança relativas a 90% da ação sísmica definida na referida norma - NP EN1998-3:2007 - Projecto de Estruturas para a resistência aos Sismos. Parte 3: Avaliação e Reabilitação.
OBJETIVOS DO ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE SÍSMICA
O objetivo do relatório de avaliação de vulnerabilidade sísmica é fornecer informações precisas e detalhadas sobre a vulnerabilidade sísmica de um determinado edifício, bem como sugestões de melhoria para aumentar a segurança sísmica da edificação, concluindo ainda a eventual necessidade de reforço estrutural de um imóvel, sendo um elemento importante para o projeto de estabilidade e de reforço estrutural, e com larga implicação na coordenação dos restantes projetos de especialidades.
AVALIAR A RESPOSTA ESTRUTURAL: O estudo visa analisar como a estrutura irá responder durante um evento sísmico, considerando diferentes parâmetros como a magnitude do sismo, a distância até o epicentro e as características do solo.
IDENTIFICAR PONTOS FRACOS: O estudo busca identificar elementos estruturais ou áreas da construção que podem ser vulneráveis a danos ou colapso durante um sismo. Isso inclui avaliar a resistência das fundações, das paredes, dos pilares, das lajes, das conexões estruturais, entre outros.
PROPOR MELHORIAS: Com base na análise de vulnerabilidade, são feitas recomendações de medidas corretivas e de reforço para melhorar a resistência sísmica da estrutura. Isso pode envolver o reforço de elementos existentes, a substituição de componentes inadequados e a incorporação de técnicas de dissipação de energia, como amortecedores sísmicos.
BENEFÍCIOS DO ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE SÍSMICA
A realização do estudo de vulnerabilidade sísmica traz diversos benefícios, incluindo:
SEGURANÇA DOS OCUPANTES: O principal benefício é garantir a segurança das pessoas que habitam ou trabalham no imóvel. Identificar e corrigir as vulnerabilidades estruturais reduzindo significativamente o risco de colapso durante um sismo.
PROTEÇÃO DO PATRIMÓNIO CONSTRUÍDO: O estudo de vulnerabilidade sísmica também visa proteger o património construído. Ao identificar e corrigir pontos fracos na estrutura, é possível reduzir os danos materiais causados por ações sísmicas, minimizando os custos de reparações e reconstruções.
PLANEAMENTO DE MITIGAÇÃO: O estudo fornece informações valiosas para o desenvolvimento de planos de mitigação de risco sísmico da área em estudo. Essas informações podem ser usadas para orientar políticas de construção, zona sísmica e medidas preventivas.
O estudo de avaliação de vulnerabilidade sísmica é realizado por engenheiros especializados em engenharia de estruturas, com conhecimento específico em análise sísmica. Estes profissionais possuem o conhecimento técnico necessário para avaliar a resposta estrutural às forças sísmicas, realizar análises de elementos estruturais e propor soluções de reforço.
Colaboram com os autores dos projetos de arquitetura, idealmente, desde a fase inicial do projeto, como o estudo prévio, integrando a análise de vulnerabilidade sísmica nas decisões e desenvolvimento de projeto. Desta forma, entrando cedo no raciocínio de projeto, como já referido, o relatório de avaliação de vulnerabilidade sísmica é solicitado em fases de projeto como o pedido de informação prévia, o que permite ao Dono de Obra antecipar a profundidade do impacto estrutural da sua intervenção e caso desista da mesma serão menos processos avaliados nas Autarquias.
Importa ainda ressalvar que a realização do estudo de avaliação de vulnerabilidade sísmica requer a compreensão das características sísmicas da área de estudo, incluindo a atividade sísmica histórica, as propriedades do solo e as normas e regulamentos sísmicos aplicáveis.
Fotos: unsplash.com de Stefan Lehner e Brett Jordan e pexels.com de Daya Sannikova
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